sexta-feira, 15 de março de 2019

(UCP) Cotidiano


"Todo dia eu só penso em poder parar, meio-dia eu só penso em dizer não. 
Depois penso na vida pra levar e me calo com a boca de feijão" Chico Buarque


Leitura crítica "A riqueza de poucos beneficia todos nós?" 

O texto leva o leitor a uma reflexão acerca das desigualdades existentes no mundo, destacando na escrita, a onda crescente desse processo ao longo dos anos. O autor sinaliza no texto que a condição econômica das pessoas, vista sobre um panorama geral, não tem se alterado, quando ele afirma, na seguinte citação: “pessoas que são ricas estão ficando mais ricas apenas porque já são ricas. Pessoas que são pobres estão ficando mais pobres apenas porque já são pobres.” Por esse prisma, com a crescente desigualdade, crescem também as “patologias sociais”, considerando que, em uma sociedade, todas as ações se conectam. Essas desigualdades vêm trazendo efeitos negativos no desenvolvimento econômico e na qualidade de vida da população.
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Tomando como base um recorte na cidade de Itabuna, pode-se inferir que as projeções das desigualdades no mundo, são refletidas nas particularidades também. Uma reportagem de jornal, publicada no dia 18 de fevereiro no blog IPOLITICA, faz um recorte do trabalho desenvolvido por estudantes baianos acerca dos índices de pobreza na cidade, intitulado: “Medindo a pobreza multidimensional em Itabuna: uma análise espacial.”, que leva a seguinte reflexão: “Os cinco bairros mais ricos de Itabuna têm renda pessoal de 74,5% do total da cidade, segundo dados dos setores censitários do Censo de 2010. O levantamento mostra que os 35 bairros de menor renda de Itabuna juntos somam o mesmo percentual obtido pelos 5 bairros mais ricos. Dessa forma, pode se afirmar que apenas 5,35% da população se apropria de 37,4% da renda pessoal total da cidade.” Essa desigualdade abordada no texto de Bauman se reflete no cotidiano do povo da cidade de Itabuna, o que gera uma crescente onda de consequências ao estado de Bem estar do povo. Cria-se um ciclo, onde os jovens: cada vez mais jovens, precisam ingressar no ambiente de trabalho, ocasionando assim a mão de obra infantil, o que, em decorrência disso, acarreta a crescente evasão escolar, refletindo na falta de uma profissionalização decente e acarretando num processo de exploração do trabalhador ou na crescente do desemprego. Isso demonstra o quanto à questão da desigualdade econômica interfere na qualidade de vida e na desigualdade social, o que aponta para um desenvolvimento econômico pautado em subempregos, exploração e sem qualquer bem estar para a classe mais pobre. Para Milton Santos: “O homem deixa de ser o centro do mundo e dá lugar ao dinheiro”. Perde-se, nessa desigualdade econômica massiva, alguns aspectos da humanidade, nessa busca desenfreada pelo “ter”, o dinheiro deturpa conceitos como o de igualdade e solidariedade. O espaço social que se nasce vem determinando as oportunidades do homem. O futuro de uma pessoa já está determinado pelo status social de sua família. Foi constatado isso em 1979, por meio de um estudo na Universidade Carnegie, e é empiricamente comprovado hoje. A “falsa meritocracia” estabelecida pela sociedade, que grita que todos têm direitos iguais na disputa por ocupação de espaço, coloca nessa disputa, um jovem que estuda a noite, pois precisa trabalhar para prover a família, e um rapaz que tem acesso a uma escola de qualidade e que não precisa se preocupar com as contas para pagar. Como colocar esses dois jovens em disputas equiparadas?

Autoria: Márcia Gabrielle Brito Mascarenhas 
Professor: Gustavo Bicalho

Referência:
"Medindo a pobreza multidimensional em Itabuna" Ricardo Candêia, Eli Izidro e Ícaro Célio. Bahia anál. dados, n 2, vol 28. p196-223
"A riqueza de poucos beneficia todos nós?" - BAUMAN, Zygmunt. Cap.1 (pg. 15-28)






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