quinta-feira, 30 de agosto de 2018

(Campo da Educação) PEDAGOGOS, MESTRES-ESCOLA E SOFISTAS







O texto faz referência ao processo educacional existente na Grécia Antiga: a chamada Paidéia, e mostra historicamente como esse processo surgiu, independente da existência dos modelos convencionais de ensino; até o surgimento dos primeiros espaços escolares. Segundo Brandão(1989): “A primeira educação que houve em Atenas e Esparta foi praticada entre todos, os exercícios coletivos da vida, em todos os cantos onde as pessoas conviviam na comunidade.”. Essa educação se originava pelas relações que eram estabelecidas entre a coletividade, por meio de socialização do conhecimento, ou as chamadas “trocas interpessoais”, que para os gregos era a principal forma de transferência de saber: “O que se ensina e aprende entre os primeiros pastores, (...) envolve o saber da agricultura e do pastoreio, do artesanato de subsistência cotidiana e da arte. Tudo isso misturado, sem muitos mistérios, com os princípios de honra, de solidariedade e, mais do que tudo, de fidelidade à polis, a cidade grega onde começa e acaba a vida do cidadão livre e educado.” (BRANDÃO, 1989).
Brandão afirma que a educação grega era dupla, e se dividia entre o saber da técnica, intitulada TECNE, saber bastante prático, passado pelo convívio; e o saber teorético, que é o saber instrutivo para a formação do cidadão, em busca do “homem livre”. Enquanto os escravos passavam suas vidas dedicados ao fazer: a aprender o ofício e executar, as crianças da nobreza aos 7 anos tinham acesso a um mestre-escola, que acompanhava seu desenvolvimento e formava esse jovem para a polis. O objetivo sempre foi o de melhorar a polis tendo a única ferramenta em suas mãos: a arte do pensar. Mantinham nobres, homens livres em um ideal não apenas teórico, porém escravos e trabalhadores quase não contribuíam para melhorar a polis, ainda que dominassem em algum momento uma teoria válida, ficando distante do verdadeiro desenvolvimento cultural: a transformação coletiva do ser educado.

Ele afirma ainda em seu livro, que o saber era ensinado de acordo com preceitos que envolviam os princípios de honra e solidariedade, o que mais adiante ele vai salientar que eram os preceitos do chamado “homem educado”. Não havia nada para os gregos que fosse mais essencial que essa transformação. Para o autor, o “homem educado” era visto pelos gregos como uma obra de arte.
Surgem escolas particulares para moldar essa “obra de arte” que é o homem grego. Surgem pensadores que discutem sobre o formato dessa escola. O ensino se torna uma competência do Estado. Surgem divergências entre formas de ensino, mas o que não surge em meio a todo esse processo de criação de formatos de ensino é o ato de ouvir o que a criança quer para si, o que ela pretende ser para a vida. O conceito de viver para e pela polis, tornou o homem moldado para ser o que a polis quer que esse homem seja, sem se importar com os anseios e vontades desse jovem. Segundo Brandão essa “é uma educação contra a criança, que não leva em conta o que ela é, mas olha para o modelo do que pode ser, e que anseia torná-la depressa o jovem perfeito (o guerreiro, o atleta, o artista de seu próprio corpo-e-mente) e o adulto educado (o cidadão político a serviço da polis).”
Apesar de todos esses questionamentos acerca das defeituosidades do desenvolvimento da formação educacional da polis grega, pode-se finalizar, lembrando que, assim como na origem da educação grega, a educação existe em todo lugar, e segundo Brandão(1989): “é o resultado da ação de todo o meio sociocultural sobre os seus participantes. É o exercício de viver e conviver o que educa. E a escola de qualquer tipo é apenas um lugar e um momento provisórios onde isto pode acontecer.”  

Diante disso, cabe o seguinte questionamento: Nosso atual modelo de educação está pautado em um sistema que permite o jovem escolher para onde seguir, ou somos moldados a seguir um caminho predeterminado?

Autoria: Márcia Mascarenhas
Professor: Gustavo Bicalho

Nenhum comentário:

Postar um comentário