O texto faz referência
ao processo educacional existente na Grécia Antiga: a chamada Paidéia, e mostra
historicamente como esse processo surgiu, independente da existência dos
modelos convencionais de ensino; até o surgimento dos primeiros espaços escolares.
Segundo Brandão(1989): “A primeira educação que houve em Atenas e Esparta foi
praticada entre todos, os exercícios coletivos da vida, em todos os cantos onde
as pessoas conviviam na comunidade.”. Essa educação se originava pelas relações
que eram estabelecidas entre a coletividade, por meio de socialização do
conhecimento, ou as chamadas “trocas interpessoais”, que para os gregos era a
principal forma de transferência de saber: “O que se ensina e aprende entre os
primeiros pastores, (...) envolve o saber da agricultura e do pastoreio, do
artesanato de subsistência cotidiana e da arte. Tudo isso misturado, sem muitos
mistérios, com os princípios de honra, de solidariedade e, mais do que tudo, de
fidelidade à polis, a cidade grega onde começa e acaba a vida do cidadão livre
e educado.” (BRANDÃO, 1989).
Brandão
afirma que a educação grega era dupla, e se dividia entre o saber da técnica,
intitulada TECNE, saber bastante prático, passado pelo convívio; e o saber
teorético, que é o saber instrutivo para a formação do cidadão, em busca do
“homem livre”. Enquanto os escravos passavam suas vidas dedicados ao fazer: a
aprender o ofício e executar, as crianças da nobreza aos 7 anos tinham acesso
a um mestre-escola, que acompanhava seu desenvolvimento e formava esse jovem
para a polis. O objetivo sempre foi o de melhorar a polis tendo a única
ferramenta em suas mãos: a arte do pensar. Mantinham nobres, homens livres em um
ideal não apenas teórico, porém escravos e trabalhadores quase não contribuíam
para melhorar a polis, ainda que dominassem em algum momento uma teoria válida,
ficando distante do verdadeiro desenvolvimento cultural: a transformação
coletiva do ser educado.
Ele
afirma ainda em seu livro, que o saber era ensinado de acordo com preceitos que
envolviam os princípios de honra e solidariedade, o que mais adiante ele vai
salientar que eram os preceitos do chamado “homem educado”. Não havia nada para
os gregos que fosse mais essencial que essa transformação. Para o autor, o
“homem educado” era visto pelos gregos como uma obra de arte.
Surgem
escolas particulares para moldar essa “obra de arte” que é o homem grego.
Surgem pensadores que discutem sobre o formato dessa escola. O ensino se torna
uma competência do Estado. Surgem divergências entre formas de ensino, mas o
que não surge em meio a todo esse processo de criação de formatos de ensino é o
ato de ouvir o que a criança quer para si, o que ela pretende ser para a vida.
O conceito de viver para e pela polis, tornou o homem moldado para ser o que a
polis quer que esse homem seja, sem se importar com os anseios e vontades desse
jovem. Segundo Brandão essa “é uma educação contra a criança, que não leva em
conta o que ela é, mas olha para o modelo do que pode ser, e que anseia
torná-la depressa o jovem perfeito (o guerreiro, o atleta, o artista de seu
próprio corpo-e-mente) e o adulto educado (o cidadão político a serviço da
polis).”
Apesar
de todos esses questionamentos acerca das defeituosidades do desenvolvimento da
formação educacional da polis grega, pode-se finalizar, lembrando que, assim
como na origem da educação grega, a educação existe em todo lugar, e segundo
Brandão(1989): “é o resultado da ação de todo o meio sociocultural sobre os
seus participantes. É o exercício de viver e conviver o que educa. E a escola
de qualquer tipo é apenas um lugar e um momento provisórios onde isto pode
acontecer.”
Diante
disso, cabe o seguinte questionamento: Nosso atual modelo de educação está
pautado em um sistema que permite o jovem escolher para onde seguir, ou somos
moldados a seguir um caminho predeterminado?
Autoria: Márcia Mascarenhas
Professor: Gustavo Bicalho
Professor: Gustavo Bicalho
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