sexta-feira, 8 de julho de 2022

A inauguração da ambulância

julho 08, 2022 0 Comments

A inauguração da ambulância - Por Márcia Mascarenhas
 
Fui chegando na venda de Seu Mendonça e me deparando com o inusitado. De lá dava para ver o rebú que ocorria na praça do bairro. Os moradores estavam parados diante de um grande palco esperando a atração. O ocorrido - inauguração da ambulância. O carro estava repleto de holofotes; havia faixas dependuradas entre as árvores, exaltando o vereador Ribeira pelo tão grande feito. Conseguir um carro ambulatorial para o bairro era um acontecimento histórico. E como tal foi tratado. Ribeira contratou uma banda famosa para a festa; carros e carros de bebida eram descarregados, comida para dar aos montes. Era tanto dinheiro empregado na inauguração da ambulância que dava para comprar outro carro. Quando a banda começou a tocar, os corpos se tornaram um só – como formigas rodeando o pedaço de comida abandonada -  movidos pelo pancadão que saía das enormes caixas de som. Lá pelas tantas, Zé, tomado pela cachaça, resolve cutucar Corió, o matador do bairro. Eu, sentada em Seu Mendonça, só vi a multidão se movimentando como se tivessem colocado o dedo no formigueiro. Espalhou todo mundo. Era casco de cerveja voando de um lado, pedra e gritaria do outro. No fim, tinha mais gente precisando de atendimento médico do que romeiro em cima de Padre Cícero. O que se descobriu foi que em dia de festa, uma ambulância só não é suficiente.


quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Tô falando grego?

outubro 20, 2021 16 Comments

 




Tô falando grego???



Eu, a ciência antiga

E a cultura popular

Vamos mostrar que a arte

Tudo pode ensinar!

Na Grécia tem uma gente

Que observou contente

O mundo novo formar!


O pensamento cientifico
Tomou os pensadores
A mitologia grega
Perdeu pregadores.
Tudo era explicado
Com estudo dedicado
Por grandes sabedores.


Esses cabras geniais

Decidiram questionar

De forma sistemática

Para enfim determinar

O principio de tudo

Parece até absurdo

O que agora vou falar.

 

A água veio primeiro

Foi o que Tales mostrou

Da água se brota a vida:

D'onde tudo se originou

E ele ainda encerra:

Na água boia a terra

E tudo que ali ficou.

 

Para Anaximandro

A origem de tudo

Não era substancia -

O indefinido, contudo.

Chamou de Ilimitado

Sendo este, resultado

De profundo estudo.

 

Já para Anaxímenes

O ar era primordial,

Que nós respiramos

Até o suspiro final

Virava fogo ao atenuar

Água ao condensar

E pedra, destino cabal.

 

O problema da mudança

Foi fator fundamental

Como pode algo mudar

Deixar o que era, afinal?

Heráclito acreditava

Na mudança se apegava:

Nada continua igual!

 

Parmênides se opunha

Ao juízo do cidadão

Para ele o movimento

N’Existe pra gente, não

Isso é obra dos sentidos

E eles são distorcidos

Certo é seguir a razão.

 

Falo agora do mestre

Pra finalizar o cordel

De obras grandiosas

E de pensamento fiel

Aristóteles estudou

Na ciência enveredou

Com tinta e papel.

 

Ele trouxe o conceito

De Ato e potência,

Ato vem ser aquilo

Que já é na existência

Potência é o que vem a ser

E pode não acontecer,

Ou ser com a vivência.


Agora que já sabe

Um tiquin de ciência

Pegue esse cordel e

Repasse com consciencia

Essa história quem contou

Foi um senhor que passou

Por toda essa experiência.


CORDEL : Márcia Mascarenhas



segunda-feira, 14 de junho de 2021

(Artes da Grafia) O mundo meu é pequeno, Senhor!

junho 14, 2021 6 Comments


Produção para o Componente Curricular: Artes da Grafia, Escrevivências, inscrições de si e do Outro. Baseado na obra "Mundo Pequeno" de Manoel de Barros

Docentes: Martin Domecq e Fábio Nieto




O mundo meu é pequeno, Senhor!
Por isso as letras vazam pelas laterais da minha boca
As palavras se embaralham, se confundem e se moldam, 
como os  retalhos da modista de minha avó.
Tem som por todas as paredes, o chão quase que perfura o verbo.
O pigmento das manhãs é de um colorido arcoirisante!
Cor me rasga
Cor me toma.
E as letras deformadas de tanto gasto, recomeçam a cada dia.

Márcia Mascarenhas
Xêro

terça-feira, 2 de junho de 2020

(Cordel) Para rasgar o asfalto

junho 02, 2020 23 Comments

Sugestão de tema: Mateus Lima


Para rasgar o asfalto
Saboreie descer do salto.
Sentir o calor da terra.
Pé no chão, cheiro de mato.
Picareta, britadeira
Furando por inteira
A dor do peito farto.

Para rasgar o asfalto
Concreto ou cimento
A chave precisa ser
Um novo juramento
Os ouvidos tampados
Para os sons inflamados
Saídos do ferimento.

Para rasgar o asfalto
Segurança elétrica 
Não sobrecarregue
O fio da tua métrica 
Recalibrar, desplugar
Pois se você forçar
Perderá forma esférica.

Certifique que tua broca
Tem segura posição
Antes de se começar
Toda e qualquer ação
Agarre firmemente
Comece gentilmente
No asfalto a operação.

Assim, você vai sentir
A vibração que a terra dá
Saiba a voltagem certa
Para se conectar
Com os olhos abertos
Em corpos despertos
É hora de estrondar!

Autoria - Márcia Mascarenhas
Xêro

sexta-feira, 15 de maio de 2020

(CORDEL) Para alçar longos voos

maio 15, 2020 18 Comments



Para alçar longos voos
É necessário se ter
Grandes asas na alma
Na cabeça, um querer.
Tem que conquistar paz
Que o grande céu traz
Para o mundo renascer.

Para alçar longos voos
É preciso gratidão
Na cabeça um enredo
E muita paz no coração.
Construir uma bela história
Viver momentos de glória
Tudo na imaginação!

Para alçar longos voos
É importante escutar
A calma que o tempo tem
Para poder enxergar
O espirito libertador
Que cura toda a dor
E nos faz querer voar!

Novos voos vêm e vão
Nessa vida que se cria
Cada vida uma asa
Cada asa, um novo dia.
Esse novo renascer
É o que nos faz querer viver
E acordar com alegria!


Autoria: Márcia Mascarenhas
Xêro