"Todo dia eu só penso em poder parar, meio-dia eu só penso em dizer não.
Depois penso na vida pra levar e me calo com a boca de feijão" Chico Buarque
Depois penso na vida pra levar e me calo com a boca de feijão" Chico Buarque
Leitura crítica "A riqueza de poucos beneficia todos nós?"
O
texto leva o leitor a uma reflexão acerca das desigualdades existentes no
mundo, destacando na escrita, a onda crescente desse processo ao longo dos anos. O autor sinaliza no texto que a condição econômica das pessoas, vista sobre um panorama
geral, não tem se alterado, quando ele afirma, na seguinte citação: “pessoas que são ricas estão ficando mais ricas apenas
porque já são ricas. Pessoas que são pobres estão ficando mais pobres apenas
porque já são pobres.” Por esse prisma, com a crescente desigualdade, crescem
também as “patologias sociais”, considerando que, em uma sociedade, todas as
ações se conectam. Essas desigualdades vêm trazendo efeitos negativos no
desenvolvimento econômico e na qualidade de vida da população.
Tomando
como base um recorte na cidade de Itabuna, pode-se inferir que as projeções das
desigualdades no mundo, são refletidas nas particularidades também. Uma
reportagem de jornal, publicada no dia 18 de fevereiro no blog IPOLITICA, faz
um recorte do trabalho desenvolvido por estudantes baianos acerca dos índices
de pobreza na cidade, intitulado: “Medindo a pobreza multidimensional em Itabuna: uma
análise espacial.”, que leva a seguinte reflexão: “Os cinco bairros mais ricos de Itabuna têm renda
pessoal de 74,5% do total da cidade, segundo dados dos setores censitários do
Censo de 2010. O levantamento mostra que os 35 bairros de menor renda de
Itabuna juntos somam o mesmo percentual obtido pelos 5 bairros mais ricos.
Dessa forma, pode se afirmar que apenas 5,35% da população se apropria de
37,4% da renda pessoal total da cidade.” Essa desigualdade abordada no
texto de Bauman se reflete no cotidiano do povo da cidade de Itabuna, o que
gera uma crescente onda de consequências ao estado de Bem estar do povo.
Cria-se um ciclo, onde os jovens: cada vez mais jovens, precisam ingressar no
ambiente de trabalho, ocasionando assim a mão de obra infantil, o que, em
decorrência disso, acarreta a crescente evasão escolar, refletindo na falta de
uma profissionalização decente e acarretando num processo de exploração do
trabalhador ou na crescente do desemprego. Isso demonstra o quanto à questão da
desigualdade econômica interfere na qualidade de vida e na desigualdade social,
o que aponta para um desenvolvimento econômico pautado em subempregos,
exploração e sem qualquer bem estar para a classe mais pobre. Para Milton Santos: “O homem deixa de ser o centro do mundo e dá lugar ao dinheiro”. Perde-se,
nessa desigualdade econômica massiva, alguns aspectos da humanidade, nessa
busca desenfreada pelo “ter”, o dinheiro deturpa conceitos como o de igualdade
e solidariedade. O espaço social que se nasce vem determinando as oportunidades
do homem. O futuro de uma pessoa já está determinado pelo status social de sua
família. Foi constatado isso em 1979, por meio de um estudo na Universidade
Carnegie, e é empiricamente comprovado hoje. A “falsa meritocracia”
estabelecida pela sociedade, que grita que todos têm direitos iguais na disputa
por ocupação de espaço, coloca nessa disputa, um jovem que estuda a noite, pois
precisa trabalhar para prover a família, e um rapaz que tem acesso a uma escola
de qualidade e que não precisa se preocupar com as contas para pagar. Como colocar esses dois jovens em disputas equiparadas?
Referência:
"Medindo a pobreza multidimensional em Itabuna" Ricardo Candêia, Eli Izidro e Ícaro Célio. Bahia anál. dados, n 2, vol 28. p196-223
"A riqueza de poucos beneficia todos nós?" - BAUMAN, Zygmunt. Cap.1 (pg. 15-28)
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